Conheça o maior felino das Américas

Publicado por parquedasaves em 28/11/2019

Atualizado em 26 de janeiro de 2023

Tempo de leitura: 6 minutos

Para muitas pessoas, um grande sinal de medo ou temor. Para outras, um ícone de beleza e grandiosidade. Mas para nós, ela é um verdadeiro símbolo da biodiversidade brasileira: essa é a onça-pintada. E de tão importante que ela é para o meio ambiente, foi criado uma data especialmente para esse animal: o Dia Nacional da Onça Pintada, celebrado no dia 29 de novembro. A data tem como objetivo sensibilizar as pessoas para a importância do maior felino das Américas. Esse lindo animal pode ser encontrado em todos os biomas brasileiros, como por exemplo, em nossa Mata Atlântica, incluindo o Parque Nacional do Iguaçu, casa das Cataratas do Iguaçu e vizinho do Parque das Aves.

Onça-pintada deitada em um tronco de madeira

Onça-pintada (Panthera onca). Foto: Leonardo Mercon / Shutterstock.com

Além de ser o maior felino do continente americano, é também o terceiro maior do mundo, depois do leão e do tigre. Sua mordida também é a mais potente entre os felinos. As onças podem pesar entre 35 e 149 quilos e medir até 2,6 metros, mas o seu tamanho depende da região onde se encontra. As onças da Amazônia, por exemplo, são maiores que as da Mata Atlântica.

Muito fortes, esses animais carregam presas pesadas, como catetos (espécie de porcos selvagens), capivaras, jacarés, queixadas, tatus e veados. Também são excelentes nadadoras e costumam escalar as árvores, ficando no alto para descansar durante o dia.

Onça-pintada caçando um tamanduá. Foto: National Geographic Brasil

Solitárias, as onças só se encontram no período reprodutivo para o acasalamento. A gestação dura em torno de 3 meses e nascem de 1 a 4 filhotes. Totalmente dependentes da mãe, os filhotes nascem de olhos fechados e os abrem somente após duas semanas de vida. E é apenas com a 6 meses de idade que eles começam a sair para caçar com a mãe.

Quando estão prontos para viverem sozinhos, aproximadamente aos dois anos de idade, os filhotes começam a busca pelo seu próprio território. Como são animais territorialistas, costumam marcar o seu território arranhando as árvores e com o odor da sua urina.

Assim como as nossas digitais, cada onça tem pintas que são únicas em formato, cor e disposição. Por meio da observação dessas marcas, é possível identificar cada animal e fazer um acompanhamento de cada indivíduo.

Imagem explicativa das manchas de uma onça

Manchas das onças, chamadas de rosetas. Essas marcas funcionam como impressões digitais, e servem para identificar cada animal. Foto: Estadão

Por que as onças são importantes?

A onça-pintada tem uma enorme importância ecológica para os ambientes naturais. A sua presença indica que o ambiente está saudável, pois elas se alimentam de presas grandes que precisam de espaços bem conservados, além de fazer o controle das populações de outros animais. Por isso, a espécie também é considerada uma “espécie guarda-chuva”. Isso significa que, se o ambiente estiver adequado para uma onça, para a maioria dos outros animais também estará. Assim, protegendo a onça, consequentemente poderemos proteger áreas em que vivem diversas outras espécies.

Ilustração de uma onça, um guarda-chuva e outros animais abaixo dele

A onça-pintada necessita de grandes áreas conservadas para sobrevivência. Sua proteção ajuda a proteger diversas outras espécies de seres vivos. Por isso, ela é considerada uma “espécie guarda-chuva”. Foto: Roosanee2

Que tipo de problemas afetam as onças pintadas?

Infelizmente, a onça-pintada está ameaçada de extinção em todos os biomas brasileiros. Na Mata Atlântica, por exemplo, seu status de conservação é criticamente ameaçada de extinção (a próxima categoria de ameaça de extinção é “extinta na natureza”, o que mostra o risco que esses grandes felinos correm de desaparecer deste bioma).

Mapa do Brasil que mostra o status de conservação da onça-pintada

Status de conservação da onça-pintada nos biomas de ocorrência. Foto: Roberta Jaworski / G1

As principais ameaças para a sobrevivência da onça-pintada na Mata Atlântica são os atropelamentos nas estradas, a caça ilegal (tanto para fins esportivos quanto por retaliação por atacar animais de criação), a fragmentação acelerada das matas por conta da urbanização sem planejamento, o desmatamento para a expansão agropecuária e a diminuição das presas naturais (devido à falta de habitat para elas e caça ilegal dessas presas, praticada por humanos).

Onde estão as onças da Mata Atlântica?

Infelizmente, devido a todas essas ameaças, a população de onça-pintada na Mata Atlântica foi reduzida a 20%, restando atualmente menos de 250 onças neste bioma. Por ser um animal topo de cadeia e necessitar de grandes áreas naturais conservadas, sua sobrevivência torna-se um pouco difícil. O animal é territorialista, e cada onça necessita de uma área de aproximadamente 500 quilômetros quadrados para poder cumprir todas as funções necessárias para sua sobrevivência.

É por isso que um projeto vizinho ao Parque das Aves é tão essencial: o Projeto Onças do Iguaçu é um projeto institucional do Parque Nacional do Iguaçu, casa das Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu – Paraná. Ele tem como missão conservar a onça-pintada, que é considerada uma espécie chave para proteger as demais espécies do Parque Nacional do Iguaçu.

Filhote de onça-pintada atravessando uma rua no Parque Nacional

Foto de um dos três filhote da onça-pintada Atiaia, registrada no Parque Nacional do Iguaçu, em 2018. Foto: Carmel Croukamp

A população de onça-pintada vem aumentando no Parque Nacional do Iguaçu e, desde de 2009, são feitos censos bianuais das onças-pintadas. O censo é realizado em parceria entre o Projetos Onças do Iguaçu, no Brasil, e o Proyecto Yaguareté, na Argentina. No último censo de 2018, estima-se que existam 28 onças vivendo em 600 mil hectares amostrados.

Recentemente, mais uma onça-pintada foi avistada na Grande Reserva Mata Atlântica, uma reserva que passa por três estados, incluindo São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Desde 2009, alguns projetos vêm sendo desenvolvidos por uma equipe de pesquisadores dentro da reserva, e um dos registros foi dessa espécie ameaçada.

Mapa da grande reserva Mata Atlântica

A Grande Reserva Mata Atlântica abriga uma grande diversidade de espécies em 2 milhões de hectares. Ela é o maior remanescente contínuo desse bioma, que é um dos mais destruídos do mundo. Foto: SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental)

No Rio Grande do Sul, a onça-pintada só pode ser avistada no município de Derrubadas, dentro de uma área protegida: o Parque Estadual do Turvo, casa do turístico Salto do Yucumã. A espécie é considerada criticamente ameaçada de extinção no estado.

 O que eu posso fazer caso encontre uma onça?

Caso encontre uma onça-pintada, é importante que você siga as dicas abaixo, compiladas do site Projeto Onças do Iguaçu:

  1. Mantenha a calma! Se estiver em grupo, tentem ficar juntos.
  2. Não corra e não olhe diretamente nos olhos do animal. Mantenha contato visual, afaste-se devagar, oferecendo espaço de fuga para o animal.
  3. Não agache para tirar fotos.
  4. Ao se sentir ameaçado: grite, assobie forte, bata palmas, erga e abane os braços.
  5. Se estiver com uma criança, coloque-a nos ombos. Dessa forma, você parecerá maior.
  6. Se encontrar um filhote de qualquer felino silvestre, principalmente de onça, NÃO se aproxime ou toque o filhote. A mãe deve estar por perto e poderá atacar para proteger a sua cria.

Para mais dicas, acesse o Guia de Convivência, criado pelo projeto especialmente para incentivar a coexistência pacífica das pessoas com estes incríveis animais.

E agora que você conhece melhor a onça-pintada, que tal compartilhar essa postagem com os seus amigos?

Foto de capa: Bichos de Pano

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