Ninhos e filhotes: estação reprodutiva no Parque das Aves

Publicado por parquedasaves em 30/08/2019

Atualizado em 26 de janeiro de 2023

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A poucos dias do início da estação reprodutiva a equipe de veterinários, zootecnista, biólogos e técnicos do Parque das Aves, localizado ao lados das Cataratas do Iguaçu em Foz do Iguaçu, se mobilizam para receber os novos filhotes prestes a nascer. E as aves que normalmente abrem o calendário de reprodução são os flamingos,  que sempre necessitam de alguns cuidados extras, como mudança no tipo de alimentação e a manutenção do recinto, no oferecimento de areia que os casais usam para construir seus ninhos, são muito importantes.  Também é necessário observar os casais que estão se formando, a construção dos ninhos e postura dos ovos; e depois o acompanhamento dos filhotes e seu desenvolvimento.

Flamingo-africano (Phoenicopterus roseus) construindo seu ninho com areia

Além desse grupo de profissionais,  há também uma equipe faz um trabalho muito especializado: o time da Sala de Filhotes, que trabalham desde a observação na formação de casais e o cuidado que os pais prestam a ovos e filhotes, até de resgatar ovos e filhotes que requeiram cuidados especiais. O manejo para receber os pequenos é complexo e visa, acima de tudo, seu conforto e bem-estar.

Confecção de ninhos artificiais

E o trabalho da equipe da Sala de Filhotes inicia bem antes que ovos ou filhotes comecem a aparecer. Nesta estação reprodutiva, a equipe está confeccionando ninhos artificiais. A Bianca Fernandes, bióloga e assistente da Sala de Filhotes, fez um levantamento para projetar três tipos diferentes de ninhos que serão utilizados para mais de 40 casais de psitacídeos (periquitos e papagaios, além de outras espécies) da Mata Atlântica.

Ninho para periquitos

Os 50 ninhos propostos serão desenvolvidos pela nossa equipe de manutenção, que já tem experiência na fabricação de ninhos, pois em 25 anos de história do Parque das Aves, foram eles os responsáveis pela confecção de ninhos para os animais que vivem aqui. A experiência é tamanha que eles se aventuraram em confeccionar ninhos para aves de projetos de conservação, como o caso dos 5 ninhos que serão enviados ao Projeto Papagaio-verdadeiro para serem utilizados por casais da espécie na área onde o Projeto atua, na bacia do Rio Paraná, no Mato Grosso do Sul.

Márcio construindo ninhos para o Projeto Papagaio-verdadeiro

Além disso, ninhos de folhas secas, cipós e feno também são desenvolvidos para outras espécies de cracídeos (jacutingas) e tinamídeos (macucos).  E as espécies ameaçadas de extinção, como o cardeal-amarelo e a arara-azul-de-lear, também recebem um cuidado especial na hora da confecção dos ninhos. O do cardeal é fabricado a partir de uma vassoura de piaçava e um ninho pequeno, que é basicamente costurado dentro da vassoura. Já no caso da arara-azul-de-lear, os ninhos são confeccionados em um paredão argiloso, que reproduz o ambiente natural da espécie. Tudo para que possam se reproduzir e contribuir com a conservação de suas espécies.

Construção de ninhos com vassoura de piaçava para cardeais-amarelos (Gubernatrix cristata)

Ninhos à vista

No caso da colônia de flamingos, inicialmente fizemos mapeamento dos ninhos e os respectivos casais. O objetivo é monitorar quando a postura do ovo foi feita para prever a data de nascimento e identificar os pais.

Os flamingos colocam ovos próximos aos espelhos, pois o reflexo do grupo faz com que se sintam em uma grande colônia, seguros e certos de que estão protegidos contra predadores. O sr. Mário Diba, tratador responsável pelos flamingos, coloca areia adicional nesta época do ano e então os casais escolhem um local para construir seu ninho. Assim que encontram o ponto adequado, usam seu bico para puxar a areia e construir o futuro abrigo do ovo. E quanto mais alto o ninho, mais seguro para o ovo, pois evita que ele role.

Equipe da Sala de Filhotes fazendo o monitoramento dos ninhos de flamingos

Cuidando de perto

Quando não há o cuidado adequado com o ovo, ele é substituído por um semelhante, mas de madeira. Dessa forma, o flamingo sentado no ninho não sente falta do ovo que, ao ser retirado do recinto, é incubado artificialmente na Sala de Filhotes. Lá ele será mantido em uma incubadora que controla de temperatura e umidade do ar, mantida a 37° C e umidade entre 50 e 60%. A incubadora também faz o processo de rotação do ovo, fundamental para o crescimento correto do embrião. Esse ovo permanece sendo cuidado na Sala de Filhotes até o momento da eclosão, quando são trocados pelos ovos de madeira introduzidos no recinto para que os filhotes possam nascer na presença dos pais.

Ovo de flamingo sendo incubado na Sala de Filhotes

Após o nascimento do filhote, a equipe segue atuando, cuidando de indivíduos mais fracos que precisem de cuidados especiais. Eles devem ser mantidos sempre aquecidos, já que seu sistema termorregulador ainda está em desenvolvimento. A temperatura das UTAs (Unidade de Tratamento Animal) deve ser mantida em 36°C e gradativamente reduzida em 0,5°C por dia até que eles estejam prontos para que sejam mantidos no ambiente externo (aproximadamente 7 dias após o nascimento). Os cuidados com higiene e nutrição também são extremamente importantes para que os filhotes cresçam saudáveis.

Você já presenciou comportamentos reprodutivos das aves? Visite o Parque das Aves nos meses de julho à março e veja essas cenas inusitadas.

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