Voando juntos: representantes de 34 instituições se reúnem para discutir a conservação de duas aves ameaçadas de extinção que só ocorrem na Mata Atlântica

Publicado por parquedasaves em 24/05/2024

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Durante 4 dias os participantes compartilharam conhecimentos para juntos traçar estratégias visando a conservação da jacutinga e do mutum-do-sudeste

Representantes de 34 instituições se uniram em uma iniciativa crucial para a conservação da jacutinga (Aburria jacutinga) e do mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii), duas aves ameaçadas de extinção, durante uma oficina realizada no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, de 6 a 9 de maio.

O evento, promovido pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE-ICMBio), com o apoio do Instituto Claravis e do IUCN SSC Grupo Especialista em Planejamento de Conservação | Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil (CPSG | CSE Brasil), reuniu pesquisadores e profissionais dedicados à conservação dessas espécies endêmicas da Mata Atlântica. 

Um grupo de pessoas está posando em frente a um grande letreiro branco que diz "Parque das Aves". Elas estão cercadas por uma vegetação exuberante com muitas plantas verdes e grandes folhas. Todos parecem felizes e estão sorrindo para a câmera.

Representantes de 34 instituições estiveram em Foz do Iguaçu discutindo estratégias para a conservação da jacutinga e mutum-do-sudeste.

Objetivo da oficina e colaboração multidisciplinar

O principal objetivo da oficina foi desenvolver um Programa de Manejo Populacional (PMP) para a jacutinga e o mutum-do-sudeste, visando o aumento das populações dessas espécies nos seus ambientes de ocorrência natural.

Eduardo Araújo, coordenador do PAN Aves da Mata Atlântica, ressaltou a importância da colaboração entre instituições públicas, governamentais, criadouros conservacionistas, zoológicos e ONGs para uma conservação integrada e eficaz:

“Esse processo não é nada trivial, visto que habitualmente as iniciativas de conservação são feitas de forma isolada. Colocar em prática um plano único, colaborativo e que todos devem ter o mesmo propósito é um desafio, porém com maiores chances de sucesso.” 

Um grupo de pessoas está em uma sala de reuniões, sentadas em várias mesas redondas. Alguns estão mexendo em laptops e outros estão prestando atenção em alguém que está falando. A sala tem cortinas cinza e um ar-condicionado na parede. Todos parecem estar envolvidos em uma discussão ou apresentação.

O encontro aconteceu no Parque das Aves, localizado na cidade de Foz do Iguaçu, Paraná.

A oficina reuniu 30 especialistas presencialmente e sete de forma remota, representando 34 instituições envolvidas. Os participantes debateram a situação das espécies, tanto no ambiente natural quanto sob cuidados humanos, e discutiram o estabelecimento de melhores práticas de manejo específicas para o bem-estar de cada espécie, bem como estratégias para unir forças e integrar as iniciativas de conservação nas diferentes regiões do Brasil.

“A presença de especialistas que trabalham em diversas frentes permitiu um valioso intercâmbio de conhecimentos e experiências, essencial para ações conservacionistas mais eficazes para a conservação da jacutinga e do mutum-do-sudeste”, explicou Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves.

A jacutinga e o mutum-do-sudeste

Aves endêmicas da Mata Atlântica, o mutum-do-sudeste e a jacutinga são espécies ameaçadas de extinção globalmente. Estima-se que existam poucas centenas de mutuns nas últimas populações naturais na Bahia e Espírito Santo, e alguns a mais em populações reintroduzidas em Minas Gerais.

A jacutinga é considerada praticamente extinta em algumas regiões da Mata Atlântica, devido à degradação de seu ambiente natural e a exploração indiscriminada da palmeira-juçara, cujo fruto é um alimento essencial para ela.

A imagem está dividida em duas partes. Na parte superior, há uma ave chamada jacutinga, com plumagem preta e branca e um detalhe vermelho na base do pescoço. Ela está pousada em um galho com um fundo de vegetação. Na parte inferior, há uma ave chamada mutum-do-sudeste, com plumagem preta e um bico alaranjado. Ela está em um ambiente com solo marrom e desfocado ao fundo.

Jacutinga, na imagem acima, e mutum-do-sudeste, na imagem abaixo. Ambas aves correm risco de extinção ocorrem apenas em áreas de Mata Atlântica.

Próximos passos e compromisso com a conservação

A oficina marcou um avanço significativo na conservação da jacutinga e do mutum-do-sudeste, seguindo o workshop anterior de “Avaliação de Ações ex situ e Planejamento Integrado de Conservação para Galliformes e Tinamiformes no Brasil”, realizado em 2020.

Com a busca por soluções concretas para a conservação dessas aves  e a compreensão de que o sucesso das ações conservacionistas depende da colaboração de todos os envolvidos, os participantes estão comprometidos em continuar trabalhando em prol da conservação dessas espécies emblemáticas da Mata Atlântica. 

“Ao destacar a participação de 37 especialistas, incluindo representantes da Associação de Zoológicos do Brasil (AZAB) e outros empreendimentos de fauna públicos e privados, juntamente com especialistas dedicados, reforçamos a importância da união de esforços para garantir um futuro sustentável para a jacutinga e o mutum-do-sudeste“, conclui Paloma. 

“A participação dos criadores das espécies-alvo do programa foi fundamental no evento, em razão do seu profundo conhecimento sobre os processos de conservação ex situ. Os criadores detêm a expertise necessária para a manutenção e a multiplicação eficiente das populações dessas espécies sob cuidados humanos. Agora, é importante a consolidação de parcerias que integrem os criadores. Esta integração é decisiva para garantir o futuro de populações ex situ vigorosas e geneticamente diversas, base para multiplicação de aves em condições de assegurar o sucesso de projetos voltados à sua reintrodução em habitat original”, explica Deni Schwartz, proprietário do criador Confauna.

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