Urutau é trazido ao mundo pela equipe do Parque das Aves

Publicado por parquedasaves em 02/02/2024

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O nascimento assistido foi feito pela equipe técnica da instituição e filhote segue se desenvolvendo bem

Um urutau (Nyctibius griseus), espécie de ave dificilmente mantida sob cuidados humanos, teve seu nascimento assistido pela equipe de Neonatologia do Parque das Aves no mês de janeiro.

O filhote encontra-se sob os cuidados da equipe, e segue ganhando peso diariamente e se desenvolvendo normalmente.

“Este é o segundo filhote de urutau que nasce no Parque das Aves. Além deste feito bastante inédito já nos trazer muita alegria, comemoramos com muita ênfase este nascimento principalmente porque o filhote segue crescendo de maneira saudável. Essa conquista só é possível graças a uma equipe competente e engajada”, comenta Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves.

A postura de urutau foi identificada em dezembro de 2023 no recinto dessas aves, que está na trilha de visitação do Parque das Aves.

Posteriormente, o ovo foi conduzido para ser incubado artificialmente sob os cuidados da equipe de Neonatologia da instituição. Como o filhote não conseguiria sair do ovo sozinho, a equipe optou pela forma assistida, caso em que a ave recebe ajuda para realizar a eclosão.

“Os pais deste filhote de urutau foram os mesmos que tiveram um filhote em outubro de 2023, mas tiveram dificuldades para cuidar dele provavelmente pela falta de experiência. Então optamos por recolher o ovo e cuidar dele na sala de Neonatologia. Ficamos muito felizes que os esforços tenham rendido frutos”, comenta Paloma.

Bianca Fernandes, Supervisora da Área de Neonatologia do Parque das Aves, está fazendo uma ovoscopia em um ovo de ave, que é o urutau que nasceu. A ovoscopia é uma técnica utilizada para verificar o desenvolvimento do embrião dentro do ovo. A sala está com iluminação fraca para permitir que a luz do aparelho de ovoscopia brilhe através do ovo. Bianca está focada no ovo, e um gráfico é visível em primeiro plano, para acompanhar as fases de desenvolvimento do ovo.

Ovo de mudança

Na manhã de 10 de dezembro do ano passado, o tratador de animais Mário identificou uma postura de ovo no recinto dos urutaus. Imediatamente ele informou a equipe da Área de Neonatologia que averiguou a situação.

Apesar do Parque das Aves sempre priorizar o cuidado de cada ave diretamente com seus pais, a equipe decidiu optar por uma nova estratégia, para aumentar a chance de sobrevivência do filhote, considerando o histórico recente dos pais. Então a incubação foi feita artificialmente.

“Pelo fato dos pais terem tido dificuldades para cuidar do filhote que nasceu em outubro, optamos em realizar todo o processo de incubação na área de Neonatologia, a fim de garantirmos todos os cuidados necessários para o sucesso no nascimento e nos cuidados posteriores. Ter a assistência integral da equipe de biólogos e veterinários à disposição, se mostrou como a melhor decisão. Em seu nascimento, em 13/01, ele tinha 14,45 gramas, e no dia 31 de janeiro já estava com 47 gramas, características de um crescimento bastante sadio.”, comenta Bianca Fernandes, supervisora da Área de Neonatologia do Parque das Aves.

A foto mostra um close de uma pessoa alimentando um filhote de ave com uma seringa. Essa ave é um urutau e está aconchegado em um pano branco e macio dentro de um recipiente de plástico transparente. As penas do filhote de urutau são cinzentas e indicam que ele é muito jovem. As mãos da pessoa estão segurando cuidadosamente o urutau e uma seringa, que está sendo utilizada para alimentá-lo com uma papinha especialmente preparada pelo zootecnista do Parque das Aves.

Ajuda para sair do ovo

Na data esperada para a eclosão do ovo, e com o monitoramento dos batimentos cardíacos do filhote, a equipe percebeu que a ave não conseguiria nascer sozinha e optou pelo nascimento assistido, caso em que o animal recebe auxílio para romper a casca do ovo. Assim, a médica veterinária Ligia Rigoleto, contribuiu para que este segundo urutau nascido sob cuidados humanos no país pudesse nascer.

“Em 2023 comemoramos o nascimento inédito de um urutau sob cuidados humanos, que aconteceu feliz e coincidentemente no Dia da Ave, celebrado no dia 5 de outubro. No entanto, o filhote não resistiu e veio a óbito dias depois. Perder um animal sempre nos entristece, mas nos faz refletir sobre como podemos melhorar e ofertar cuidados ainda mais dedicados a outros animais. Foi justamente isso que nos motivou a realizar todo o processo de incubação, nascimento e alimentação desse segundo filhote sob os cuidados da nossa equipe. Até o sexto dia de vida, sua alimentação consistia em uma papinha desenvolvida pelo Henrique Tavares, zootecnista do Parque das Aves. A partir do sétimo dia, o urutau começou a ganhar alimentos sólidos de acordo com os hábitos alimentares da sua espécie”, explica Paloma.

Espécie de hábitos noturnos

Com ocorrência em todo o Brasil, incluindo áreas de Mata Atlântica, o urutau é uma ave de hábitos noturnos, ou seja, fica alerta à noite, caçando insetos em voo para se alimentar, e durante o dia permanece completamente imóvel.

O urutau é um caçador noturno, que voa com sua boca aberta capturando insetos. Quando resgatado, geralmente decorrente de maus-tratos, ele tende a apresentar dificuldade para se alimentar, o que compromete sua qualidade de vida em ambientes não naturais. Como o Parque das Aves acolhe a espécie desde 2011, fomos aprimorando nossos cuidados para oferecer o melhor grau de bem-estar possível a estes animais. Desde o oferecimento de itens alimentares adequados, como a criação de um espaço desenhado para a espécie, incluindo a instalação de lâmpadas que atraem insetos e não incomodam os animais. Tudo foi cuidadosamente planejado para proporcionar o maior conforto para animais frequentemente vitimados por ações humanas”, comenta Paloma. 

Urutaus em seu ambiente natural

Hoje, vivem no Parque das Aves cinco urutaus, todos provenientes de resgates realizados pelos órgãos ambientais. Como o comportamento natural de descanso da ave envolve permanecer imóvel por muitas horas durante o período diurno, muitas pessoas acabam imaginando que as aves estejam feridas ou doentes e então acabam “resgatando” os animais sem necessidade. 

“Quando encontramos uma ave repousando, o ideal é observá-la a distância, deixando-a descansar com tranquilidade. Porém, se ela realmente estiver ferida, a recomendação é não tocar nos animais, e sim acionar o órgão responsável pelo resgate de fauna na sua região. Lembrando que essa conduta só é necessária quando, de fato, é preciso intervir para salvar a vida do animal”, explica Paloma.

O filhote de urutau é jovem e possui penas em desenvolvimento. Ele está sendo alimentado através de uma pinça. Ele está dentro de um recipiente plástico transparente forrado com um pano branco e macio. O recipiente está sobre uma superfície texturizada.

Além disso, por serem animais pouco conhecidos pelas pessoas e por terem hábitos noturnos, e características físicas que os favoreçam neste período do dia, como olhos grandes e coloração marrom, que os camufla nos troncos de árvores, os animais são frequentemente relacionados a mau agouro.

A vocalização noturna da espécie também é usada como motivação para agressões a estes animais que infelizmente sempre chegam feridos ao Parque das Aves, muitas vezes com fraturas em asas e lesões variadas em seus corpos. 

Respeitar os hábitos das espécies, bem como manter seus habitats conservados é essencial para que possamos manter um melhor equilíbrio ambiental, que favorece a vida de todos os seres vivos, incluindo os humanos. Quando infelizmente algo nesse processo falha, os animais precisam contar com nossos melhores cuidados e maior dedicação para que possam seguir com uma qualidade de vida, ainda que fora de seu ambiente natural. Há quase 30 anos o Parque das Aves dedica-se a essa nobre e tão especial missão com todos os refinamentos necessários”, finaliza Paloma Bosso.

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