Fotografia de aves: uma aventura inesperada
Publicado por parquedasaves em 04/02/2024
Atualizado em 30 de maio de 2025
Tempo de leitura: 3 minutos
Por Gabriel Marchi, cinegrafista, fotógrafo e documentarista de natureza e vida selvagem
Bicudinho-do-brejo em uma folha de piri. Crédito: Gabriel Marchi.
Você sabe o que está por trás de uma fotografia como essa? Parece uma foto simples, sem muito segredo para ser realizada, mas existem bastidores que acontecem antes para que esse clique aconteça.
Esse é o Rosaldo, um bicudinho-do-brejo que mora em banhados no litoral do Paraná e está ameaçado de extinção. Para fazer essa fotografia, foi necessária uma aventura em meio aos brejos do fundo da baía de Guaratuba.
Pode não parecer, mas a Mata Atlântica é bastante desafiadora para um fotógrafo e sua câmera fotográfica.
Temos umidade constante, chuvas torrenciais, momentos de muito calor e nos tornamos verdadeiros “buffets ambulantes” para vários insetos. Ah, e o repelente nem sempre é permitido! Afinal, não queremos ser percebidos pelos animais a serem fotografados.
Eu precisei me equipar muito bem para fotografar o Rosaldo, usando o meu “uniforme da natureza”: camiseta de manga comprida, chapéu com saia, calça, bota para trabalho na água e bastante protetor solar.
O bicudinho-do-brejo não gosta de repelente, então também usei luvas de pescador com apenas dois dedos expostos. Melhor passar calor do que ser devorado pelas mutucas, não acham?
Roupa camuflada texturizada. Crédito: Gabriel Marchi.
Agora, vamos à jornada até onde essa ave vive. São horas de estrada até uma pequena comunidade. De lá, pegamos um barco até uma pequena ilha, onde o Rosaldo monta o seu ninho anualmente.
Detalhe importante: precisamos chegar nas primeiras horas de sol e montar nosso ponto de fotografia próximo ao ninho — mas não muito perto. Por isso uso uma roupa camuflada, apelidada de “fantasia de moita”. Uma vez bem disfarçado, o bicudinho age naturalmente diante da câmera.
Os cliques são breves, rápidos e sempre no silêncio absoluto. Evito até movimentos bruscos, pois o pássaro é muito desconfiado: qualquer mexida e ele se esconde nas folhas.
Para sair uma boa fotografia, foram algumas horas literalmente no brejo, com a maré subindo e descendo. Não usamos playback, exatamente para não afastar o bicudinho do ninho.
Ilha dos bicudinhos, na Baía de Guaratuba. Crédito: Gabriel Marchi.
Quando fotografo aves, busco contar a história de um animal protegido por um projeto de conservação. Nada mais justo que a fotografia não estresse a ave. A ideia é documentar seus comportamentos: alimentação, reprodução, nidificação e cuidado com os filhotes.
Sempre considero o bem-estar da ave, para não incomodá-la nem danificar seu habitat. Toda essa aventura (ou perrengue!) é o que torna tudo divertido e interessante.
Me empolgo muito ao fotografar aves: gosto de pesquisar, planejar as técnicas, entender o comportamento da espécie, e conseguir aquela fotografia que representa o animal como ele é, tranquilo na natureza.
Bicudinho-do-brejo no meio do pirizal. Crédito: Gabriel Marchi.
A aventura faz parte e sempre vira história pra contar. Pode até parecer melhor se fosse simples, mas garanto: é muito mais divertido viver toda essa experiência!
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O Parque das Aves, um centro de resgate, abrigo e conservação de aves da Mata Atlântica e o segundo atrativo mais visitado de Foz do Iguaçu, completa 30 anos de atuação em 2024. Como é uma instituição privada, os visitantes promovem a continuidade do trabalho do atrativo através da visita ao Parque, consumo nos restaurantes do Complexo Gastronômico e compras na Loja de souvenirs.