Resgate e Abrigo de Animais pelo Parque das Aves
Publicado por parquedasaves em 04/03/2020
Atualizado em 26 de janeiro de 2023
Revisado em 29/11/2022
Por Ligia Rigoleto Oliva, Médica Veterinária e Chefe da Divisão de Veterinária do Parque das Aves
Quem se interessa por natureza provavelmente lê reportagens ou segue perfis nas redes sociais de instituições que resgatam animais.
Notamos que diariamente muitos animais são vítimas de atropelamentos e comércio ilegal, tendo como consequência filhotes órfãos precisando de cuidados.
Mas o que muita gente não sabe é a importância do papel que os zoológicos desempenham no resgate de animais silvestres nessas condições.
O Art. 225 da Constituição Federal de 1988 atribui ao Poder Público zelar pela fauna e flora.
Mas hoje não há em todos os municípios órgãos públicos que receba e atenda animais, como os chamados Centros de Triagem e/ou Reabilitação, por exemplo.
Por isso, um dos papéis mais importantes dos zoológicos no Brasil está o apoio às instituições governamentais, principalmente no atendimento veterinário de emergência e acolhimento de animais.
Os animais são encontrados nos mais variados graus de debilidade, desde filhotes de passarinhos sem os pais, até grandes animais feridos, como antas, tamanduás e capivaras.
Os zoológicos proporcionam um atendimento especializado e atenção de biólogos, médicos veterinários e zootecnistas, que trabalham e estudam diariamente para oferecer conforto e bem-estar desses animais.
O Parque das Aves recebe mensalmente diversas aves de vida livre necessitando de cuidados, e nesses casos os esforços têm como objetivo o retorno dos animais ao seu ambiente de origem.
Talvez você tenha acompanhado a história do martim-pescador-grande (Megaceryle torquata) resgatado pela Polícia Ambiental, próximo ao Rio Iguaçu, com uma linha de pesca saindo pelo bico.
O animal recebeu atendimento imediato no Parque das Aves, e constatamos haver um anzol na outra ponta da linha, enganchada no interior de seu estômago.
Prontamente nossa equipe avaliou o caso via imagens radiográficas e verificamos a necessidade de remoção cirúrgica do anzol.
Após o período de recuperação, o animal foi devolvido com o auxílio da Polícia Ambiental que realizou o resgate, no local encontrado, podendo voltar a desempenhar seu papel na natureza.
O retorno para sua área de ocorrência natural é o final da história que queríamos para todos os animais que recebemos, mas nem sempre é o que acontece.
Alguns animais não podem fazer este caminho novamente após seu resgate, pois apresentam alguma sequela que poderia comprometer seu desempenho no ambiente, como voar, fugir de predadores e/ou se alimentar sozinho.
Quando não é possível retornar ao ambiente onde naturalmente viviam, esses animais encontram no Parque das Aves um lar, recebendo todos os cuidados que necessitam pelo resto da vida.
Como é o caso da Valentina, uma fêmea de papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) resgatada em uma apreensão realizada pela Polícia Ambiental.
A ideia de quem a retirou de seu habitat era vendê-la de forma ilegal, caso ela sobrevivesse.
Quando chegou ao Parque das Aves, Valentina tinha aproximadamente 30 dias de vida, fase na qual ainda estaria no ninho sendo criada pelos pais.
Ela possuía um ferimento na asa direita, com perda de uma parte da asa, e uma perfuração no papo (a bolsinha que armazena comida, e que todos os psitacídeos têm).
O resgate e atendimento de animais ocorre diariamente em zoológicos no mundo todo, como no caso das queimadas que ocorreram na Austrália e que dizimaram populações de fauna local.
Os zoológicos acolheram milhares de animais, onde receberam atendimento veterinário e abrigo no intuito de tratar os ferimentos e, posteriormente, se possível, devolvê-los ao seu habitat.
Infelizmente, não é todo mundo que conhece essa parte do trabalho feita pelos zoológicos. Entretanto, há um trabalho diário para que os animais permaneçam em suas áreas de ocorrência, dando suporte no atendimento de animais resgatados ou desenvolvendo e amparando projetos que trabalham com sua conservação.
Os zoológicos desempenham um excelente papel de apoio ao resgate de animais, porém devemos também trabalhar de forma incansável a educação ambiental dentro desses ambientes e nas comunidades.
Portanto, é muito importante disseminar informações sobre o tráfico de animais e a preservação do meio ambiente, bem como a exigência de políticas públicas na área ambiental.
Somente assim vamos estabelecer uma coexistência respeitosa com a natureza e reduzir ao máximo o impacto de nossas atividades no planeta.
Em sua próxima visita a Foz do Iguaçu, que tal conhecer e conferir bem de perto os esforços do Parque das Aves para a conservação de aves da Mata Atlântica?
Estamos em frente às Cataratas do Iguaçu!
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