PROJETO PAPAGAIO-CHAUÁ

Veja as ações de conservação e combate ao tráfico do papagaio-chauá, realizadas pelo Parque das Aves:

PROJETO PAPAGAIO-CHAUÁ

Veja as ações de conservação e combate ao tráfico do papagaio-chauá, realizadas pelo Parque das Aves:

O papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha) é uma espécie endêmica da Mata Atlântica, com ocorrência no Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Alagoas e, historicamente, Sergipe. Está classificada como “vulnerável” de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) (2017), com tendência de declínio populacional e “vulnerável” na lista brasileira (2018). Entre as principais causas de ameaça da espécie está à fragmentação florestal, captura de ovos e filhotes para atender ao comércio ilegal (nacional e internacional), e abate devido ao ataque aos cultivos agrícolas.

Para preencher as lacunas do conhecimento sobre a espécie, detectada durante a elaboração do Plano de Ação para a Conservação dos Papagaios (PAN Papagaios), em 2014, criou-se o Projeto Papagaio-chauá. Centrado em reunir dados sobre a espécie para fortalecer ações de conservação e combate ao tráfico, o projeto realiza ações de educação para conservação e ciência cidadã, inicialmente no Rio de Janeiro e Minas Gerais. No período de 2015-2018, após quinze expedições em 86 municípios, a espécie foi registrada em 11 municípios de MG e quatro do RJ. Parte das amostragens foram realizadas a partir do uso de técnicas de modelagem de distribuição de espécie, em parceria com a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ). Isso resultou na elaboração de um mapa com o conhecimento atual sobre a ocorrência do papagaio-chauá em MG e RJ, elaborado com apoio do CEMAVE/ICMBio.

Paralelamente foram realizadas 379 entrevistas (132 em MG e 247 no RJ) junto aos moradores locais e agentes públicos ou privados. Com base nas informações coletadas, detectou-se que 34% dos entrevistados no RJ e 63% em MG informaram conhecer alguém que possui papagaio em cativeiro e 21% em MG relataram a manutenção (atual ou anterior) de papagaios em suas residências. Além dos relatos obtidos nas entrevistas, a prática de retirada de filhotes dos ninhos foi observada durante as expedições, com o encontro de diversas cavidades de árvores destruídas ou presença de escada adaptada no tronco, para acessar o ninho.

Durante a realização das entrevistas e visitas nos municípios, foram distribuídos materiais (cartazes, adesivos, marcadores de livros, entre outros), para disseminar as informações sobre o projeto e mobilizar as comunidades para colaborar com a conservação da espécie e seu habitat. A divulgação do projeto, por meio das redes sociais ou ações presenciais (reuniões, eventos, encontros e outros), contribuiu para aumentar o orgulho das pessoas ao encontrar (ver ou ouvir) os papagaios-chauá em vida livre. Todas as ações de educação para conservação realizadas contribuíram para formação de novas parcerias locais que podem alterar o quadro de ameaças (tráfico de filhotes e perda de habitat).

Nesse sentido, há destaque especial para o município de Águas Formosas – MG e região, onde são realizadas ações de educação para conservação e ciência cidadã, apoiadas pela WAZA Nature Connect. Essas ações geraram um maior envolvimento da comunidade local, incluindo professores e alunos do ensino médio. No total, 29 alunos de uma escola estadual, além dos professores, diretores e familiares se envolveram com o projeto. As atividades de ciência cidadã incluíram palestras (sobre as espécies de psitacídeos da região, ameaças e formas de combater a estas ameaças, tráfico de animais silvestres), atividades de observação de aves em campo e feira de ciências. Esses passaram a atuar como agentes multiplicadores, denominados “Guardiões do Chauá”, fortalecendo e potencializando as ações do projeto em MG.

Os estudos de distribuição atual da espécie já foram concluídos no RJ, mas ainda são necessárias novas expedições em MG e demais estados de ocorrência. Ciente que o desconhecimento sobre a espécie dificulta a elaboração de estratégias de conservação e combate ao tráfico, o Parque das Aves apoia o projeto desde o início, passando a ser a Instituição Executora do Projeto Papagaio-chauá, no ano 2018. Além dessa ação, o Parque mantém, desde 1996, indivíduos de papagaio-chauá em seu plantel, como forma de auxiliar na conservação integrada (ex situ e in situ) da espécie.

Além do Parque das Aves, o projeto conta com parceiros institucionais importantes, incluindo a Fundação Neotrópica do Brasil, Centro de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE) do ICMBio/MMA, Universidade de São Paulo (USP), Sociedade de Pesquisa em Vida Silvestre e Educação Ambiental (SPVS) e Associação Amigos do Meio Ambiente (AAMA). Ao longo dos primeiros anos de projeto, recebeu recursos financeiros da RARE Species Conservatory Foundation, Tampas Lowry Park Zoo e Fundação Grupo Boticário.